É justo reivindicar respeito pela posição que se assume. Se não convence, não há como acreditar. Por muito tempo houve discriminação contra os ateus, e ainda hoje há quem olhe torto para quem não tem uma religião. É inconteste que muitas seitas são verdadeiras fábricas de ateus, distorcem ao seu bel prazer as escrituras sacras, estas já deturpadas por traduções mal feitas, e fazem na prática exactamente o oposto do que é pregado. Pegaram o sexo e os sectários de outras religiões para anti-cristo e os matariam a todos se pudessem. Ateus então, não mereceriam sequer serem considerados pessoas. Fanatismo religioso é uma granada que destrói quem a tem, mas fere a todos por perto.
Nos últimos anos, porém, tem havido um exacerbo do que seria justo. Chegou ao ponto de um ateu ter (em suas palavras) tentado converter os teístas ofendendo suas religiões, com actos como colocar santos em posições sexuais, rabiscar piadinhas contra o islamismo e vandalizar os lugares públicos de preces. Tudo o que o idiota conseguiu foi dar combustível e oxigenar as alas mais radicais. Além de pagar multa, prestar serviços públicos e arcar com as custas judiciais. Tudo isto na Europa, que alardeia sua tolerância étnica e religiosa para o mundo todo. Bem feito.
Está havendo um ódio teophobico. Deixei de ler revistas até então bem conceituadas nos meus padrões, sem ligar para o viés ateísta que têm, por passarem a publicar textos extremamente tendenciosos, ridicularizando tudo o que não pode ser picado e analisado em laboratório. Quando dão espaço a religiosos fazem parecer que eles falam de uma agremiação sócio cultural, com fins de preservação de uma tradição e nada mais. Quando vi, estavam atirando até contra mim. Aliás, não só revistas como programas de televisão. Não é coincidência haver também um crescimento de programas e revistas claramente dirigidos para religiosos, especialmente aos menos tolerantes, que se gabam de testemunhar "milagres" todos os dias na igreja que freqüentam.
Equilíbrio, se uma asa cresce a outra também precisa crescer.
Uma religião não é uma agremiação étnica, mas não adianta tentar explicar isto a quem quer ter sempre e a qualquer custo a última palavra. A falta de respeito cega a ponto de tornar os ateus radicais exctamente iguais aos radicais teístas, confundindo dogma e religião. O primeiro é invenção humana, uma legislação que tem falhas como tudo o que o homem faz. Quem se guia por ele está dizendo, por tabela, que D'us é o homem que escreveu aquilo, então não tem como não fazer idéias equivocadas. Palavras mudam com os milênios, conceitos mudam os sentidos das frases e os textos, se traduzidos por quem não conhece a fundo o idioma quando da época, perde completamente o sentido original. Tradução, claro, se faz por homens.
Estamos aqui falando do Criador, não de uma criatura que surgiu junto com o monte de galáxias que eles chamam de O universo, mas é só um monte de galáxias, fora do qual ainda não se consegue enxergar com as técnicas disponível; questão de tempo e pesquisas. Se para quem estuda e medita à sério é difícil imaginar, que dirá quem não tem interesse? De não ter interesse a não respeitar há um abismo.
Os teístas não acreditam que vão continuar vivos depois de morrerem, eles acreditam que só o corpo físico vai morrer e a parte não material continuará com outras atribuições. Para um teísta o corpo não é a pessoa, é um instrumento que ela usa para agir no mundo e ao qual está ligado por um espaço de tempo. Em suma, a morte seria apenas a paralização das actividades biológicas do organismo ao qual estamos ligados, apenas ligados.
Há os que defendem que as crianças não deveriam ser levadas a uma igreja, pois não têm capacidade de discernimento para decidir se querem ou não seguir uma religião. Os pais iriam, então, sozinhos? Deixariam as crianças com quem? Ou seriam obrigados a abdicar da freqüência enquanto não atingissem dezesseis anos? A mim mais parece militância anti-religiosa do que pregação de respeito ao direito de escolha. É como dizer que a criança deveria andar pelada, durante o verão, por não ter discernimento para escolher um modelito elegante.
É de criança que se forma a personalidade para o mundo, assim como os laços familiares. Gostem eles ou não, e os radicais não gostam, ir à igreja periodicamente com a família reforça sim os laços entre pais e filhos. Poderia ser um clube, mas aceitar um compromisso que nem sempre é agradável ajuda a se preparar para a vida, que a vida nem sempre é agradável. Sair com a família só quando é divertido ou conveniente é um veneno, pois na adolescência a família raramente é divertida e quase nunca conveniente. Se não houver o compromisso moral firmado, os laços familiares se afrouxam facilmente. Gostem ou não, e houve época em que eu não gostava, a religião favorece o estreitamento desses laços.
Os efeitos espirituais de que tanto gostam de caçoar não são fenômenos, são ações. Espíritos são pessoas e elas podem, ou não, estar dispostas a colaborar com a charlatanice bem paga que muitos chamam de ciência. Se eles não querem responder ás suas perguntas é porque não estã na tua alçada. O que a maioria faz é exigir repetição até encontrar provas de fraude, e a pessoa em questão tem mais o que fazer.
Onde estão os espíritos? Em sua dimensão. Eles podem nos ver da mesma forma que uma pessoa com visão normal pode ver através do vidro. As outras dimensões, que os magos conhecem muito antes da charga romana contaminar a Terra, não são outras terras com destinos diferentes, são mundos similares sobrepostos, da mesma forma como fachos de luz se cruzam sem haver interferências. Eles podem nos ver, mas nós não a eles porque o Universo não é louco. Já fazemos besteiras demais do jeito que estamos. Mas um dia a comunicação será retomada do modo como era no início.
Atribuir a D'us a culpa pelas mazelas do mundo é agir como o criminoso, que culpa a vítima porque usava roupas curtas. Não é O Criador quem leva as pessoas boas e deixa as más no mundo, nós é que (majoritariamente) não suportamos uma pessoa realmente boa por muito tempo. Gente boa faz nossos defeitos aparecerem mais, isto incomoda muito. Gente civilizada faz nossas grosserias parecerem animalescas, isto incomoda muito. Gente má, por outro lado, nos dá motivos para reclamar sem a preocupação de fazer a nossa parcela para resolver o problema. Gente má se esmera em seduzir, isto apraz. Gente má faz tudo para entreter, isto apraz. Nós mesmos tratamos as pessoas más muito melhor (inclusive votando nelas) do que as boas pessoas. A culpa, se é que cabe usar esta palavra, é nossa. Pessoas boas são pessoas, se não se sentem bem tratadas elas vão embora de um modo ou de outro.
Catástrofes? Nós invadimos lugares que os nativos de então diziam ser perigosos. Nós ignoramos todos os sinais da natureza, por mais de um século, de que estávamos degradando nosso próprio meio de vida. Nós expomos nossos filhos e a nós mesmos aos perigos que o mundo reserva para os incautos. Por que cargas d'água o planeta deveria se moldar às nossas vontades? Ele tem seu próprio ritimo, sua própria evolução. O mundo nos avisou, não temos o direito de culpar a ninguém. Aliás, a arrogância alegadamente racional do homem é que o fez se declarar proprietário do mundo, mesmo sem ter encaixado uma pedrinha sequer para formá-lo.
Doenças existem porque suas causas existem, óbvio! E nós não fazemos o mínimo para evitá-las, deixando tudo nas mãos de profissionais diplomados, engomados e bem pagos pelos laboratórios que fabricam as vacinas. Daqui vem outra mazela da humanidade, esses profissionais sacrificam anos de vida pessoal para fazer algo que preste, dão as instruções completas para erradicar as doenças e nós só nos lembramos de tomar a vacina. Higiene pessoal, cuidar da cidade em que vivemos, enfim, agir como uma comunidade em vez de um monte de egoístas sem escrúpulos é o que deveríamos ter feito.
Quando falamos que as pessoas "morrem", vamos deixar algo bem claro, os teístas acreditam e muitos recebem provas suficientes para acreditar, que nossos amados não desaparecem. A morte biológica, como já disse, não mata a pessoa. A dor é pela separação (o que mesmo assim não é bom para ambas as partes) não por uma aniquilação na qual nós não acreditamos. Insistir em repetir "Seu filho morreu, não existe mais" pode constituir um pedido para lhe provar de forma cabal a vida pós-túmulo, por suicídio involuntário. Estará ofendendo a família em luto. Ficar longe de uma pessoa amada, à força, é tão doloroso quanto um luto por óbito.
Culpar D'us pelos males do mundo é cousa de homens pré-históricos, que não tinham discernimento e achavam que uma cobra trocando de pele era uma divindade.
Eu tenho amigos ateus, eu já estive no caminho do ateísmo. O que nunca fiz, porém, foi desrespeitar ou tentar ateizar os outros. Fazer pouco da crença alheia é faltar com o respeito, muitos ateus se vangloriam de ignorar o quanto acreditar é importante para quem acredita. Não é só para consolação, é religação com O Criador. Não acreditar não isenta de respeitar.
Aos teístas equilibrados, aqueles que balançam mas não caem no buraco (porque ficar firme não é trabalho para reles humanos) peço o mesmo comportamento para ambos os radicais: Ignorem. Mantenham o devido respeito, mas o exijam também. Se eles insistirem, ignorem e saiam do lugar antes que uma granada (que pode ser uma bomba de bobagens) exploda. Tua sanidade saberá recompensar.
De resto, que Deus lhes dê tino.
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