domingo, 21 de fevereiro de 2010

Por que o medo?


Quanto medo, oh, quanta histeria!

Bilhões de medrosos, medo em vão.

Fraternidade Branca está até admirada,

Com o medo desse povão.

O pavor que a proximidade de 2012 está causando me faz ter dúvidas sobre o nível evolutivo da humanidade. Até parece que estamos o paleolítico, não no século XXI da era cristã.

Ninguém vai morrer, se não for a hora. O mundo só vai se acabar de rir da nossa idiotice. A única utilidade de livros e filmes apocalipiticos sobre o tema é garantir empregos para quem trabalha no ramo; talvez por isto eu deteste esse gênero.

Não há mistérios sobre 2012, há sim muita ignorância. Os povos que fizeram essas profecias simplesmente colocaram no papiro (ou na pedra, na casca de árvore, et cétera) o que já estava previsto. Estes povos, nestas épocas, foram a última leva de espíritos que puderam voltar para Capela, ou outro planeta que, na época, faria o nosso de hoje parecer devoniano. Eles recuperaram o paraíso perdido, por isto tiveram condições e acesso ao cronograma da Terra. Eles fizeram suas lições de casa, nós não, por isto ainda estamos aqui e vamos nos lascar bonitinho, mas não do jeito que o cinema faz parecer.

Acontece que a Terra tem seus ciclos e o actual já terminou. Mudanças climáticas estavam previstas, o que não significa que teremos inundações avassaladoras, ondas infernais de calor nem furacões que humilhariam qualquer outro que a humanidade já conheceu. Não senhor, as florestas que preservamos, os rios que protegemos e a camada de ozônio que deixamos intacta se encarregarão de deixar tudo mais agradável. Sim senhor, a nossa previdência e nossa consideração para com os outros nos renderá os frutos que merecemos. Fizemos um belo trabalho, não acham?

Desculpem o sarcasmo, mas nós estamos sofrendo e vamos sofrer ainda mais por nossa exclusiva culpa. Lembrem-se de que não chegamos hoje ao planeta, já estivemos nele em outros corpos. Tu, que hoje é um ecochiita doente, com certeza foi um madeireiro dos mais perversos e inescrupulosos, e agora está tentando a qualquer custo reparar seu erro. Mas não dá, benzinho, não desse jeito. Radicalismo de esquerda e radicalismo de direita são radicalismos do mesmo jeito, e foi com radicalismos de mentalidade que chegamos ao tricentésimo fundo de poço em que estamos. Radicalismo destrói, sempre.

Até a idade moderna ainda havia tempo para minimizar a situação. Poderíamos ter consumido recursos, mas sem desperdícios. Poderíamos ter empreitado expansões, mas não para escravizar. Poderíamos ter aplicado recursos nos avanços científicos, mas não para destruir. Poderíamos ter vivido até muito melhor do que vivemos, mas egoísmo é uma doença degenerativa da retina, nos deixa cegos se não for tratado. O problema é que o egoísmo refresca enquanto danifica, tal qual o morcego que abana enquanto lambe o sangue e passa raiva animal.

Mesmo com o passar do tempo, poderíamos ter amortecido os efeitos danosos, mas o apelo do prazer a todo custo foi mais sedutor. Apelo, alías, que nos degredou para cá.

Agora que dei a bronca, bando de covardões, vamos à boa notícia.
Passado o susto, quando todos saírem debaixo da cama e virem que o globo continua inteiro, as cousas tendem a voltar ao normal. Não o que nós chamamos de normal, mas ao verdadeiramente normal.

Começará a haver alterações genéticas, os sentidos que estavam suprimidos serão reactivados, como clarividência, clariaudiência, telepatia, memória de elefante, entre outros. Já há gente nascendo com os novos genes prontos, só aguardando para que entrem em ação. No início os primeiros despertos serão notícia, os jornais alardearão a proliferação de sensitivos, até todos perceberem que todos são sensitivos, que isto sim é absolutamente normal e que o estado anterior (o de hoje) era como uma cegueira de nascença, pela qual o indivíduo não consegue nem conceber a existência das formas, quanto mais de cores. Precisa dizer que advocacia e política nunca mais serão as mesmas?

É certo que as outras espécies também terão sua evolução acelerada. Muitas serão extintas, outras surgirão no lugar. Desde os século XIX os animais domesticados já nos captam as ondas mentais, e algumas dementais, não vai muito mais que um século adiante para que o sujeito conversando com seu cão deixe de ser visto como excentricidade. Roberto Carlos que o diga.

Também haverá uma queda drástica na nossa já baixa fertilidade, se compararmos com os outros animais, que têm seis filhotes de cada vez, brincando. Com efeito, a população vai se reduzir paulatinamente até estabilizar, não sei ainda quantos, mas sem dúvida seremos menos de um terço do que somos hoje. Com isto o mercado imobiliário terá que se adaptar muito rapidamente, pois as cidades vão se esvaziar. Terão forçosamente que oferecer imóveis maiores, quintais, áreas verdes e ainda manter (talvez reduzir) os preços, porque a demanda de hoje não existirá mais. Por maiores que sejam os novos imóveis, muitos espaços ociosos retornarão às mãos da União (no caso do Brasil) e terão uso público, como parques e bosques.

Vidências reactivadas mais vegetação em expansão, teremos de novo o contacto com os elementais. Aquele adesivo que diz "Eu acredito em gnomos" será igual a "Eu acredito na gravitação".

Vocês vão encontrar muitos espetáculos pela internet, gente anunciando as últimas unidades de lotes no céu, outros que tudo se reduzirá a nada, outros ainda tecendo comentários longos e acéfalos sobre o tema. Eu já disse e repito: Não acreditem em tudo o que lerem, ouvirem e (principalmente) virem. Há focos de informações confiáveis, mas são poucos. Não confiem na razão parca de que dispomos, se dêem tempo (ainda há, não se preocupem) e não acreditem em alarmistas. Quem vai ficar de fora da festa já está marcado e desesperado pela degredação iminente, o que não é o caso da imensa maioria.

Sejam bons, se preocupem com o próximo, ajudem uns aos outros, dê para ela o último biscoito do pacote, façam o que puderem do jeito de vocês. Não precisam mudar radicalmente suas vidas, porque para isto realmente não há mais tempo. O que tiver que acontecer de mais profundo, dificilmente se dará até 2012, mas se acontecer será um espetáculo e toda a Fraternidade Branca fará festa.

Vá passear, namore com juízo (mas namore), marque suas festinhas, se divirta, que quando chegar a hora de ir para casa, nossos tutores nos avisarão.