terça-feira, 21 de julho de 2009

Semente de Mostarda

O que torna a semente de mostarda um exemplo tão notável para uma parábola?
Minúscula, a sementinha tem praticamente nenhum material à sua disposição, é frágil, fácil de ser danificada e esterilizada por incidentes e intempéries. Mas mesmo com esta aparente e imensa desvantagem, ela usa os recursos de que dispõe (ou seja, a terra e a água) para fazer o que precisa: Se transformar em árvore. Ela não questiona o que tem a fazer e não mede o tamanho da tarefa, ela literalmente transforma uma montanha em fonte de alimentação e sombra. O trabalho é lento, penoso, mas ela faz assim mesmo.

É assim que um milagre é operado. Não por pó de pirlim-pim-pim, mas pela conta dos recursos de que o próprio indivíduo dispõe.

É assim que a fé do tamanho de uma semente de mostarda, com seus miligramas, move uma montanha com suas mega toneladas. Não por agressão, não por imposição, mas a transformando por meios que qualquer um pode testemunhar. Basta ter paciência e atenção suficientes, nem precisa ver a transformação inteira para saber que ela será possível, logo nas primeiras safras de mostarda as alterações do relevo ao redor dirão o que acontecerá cedo ou tarde, mas de modo irrevogável. O trabalho é sutil e delicado, como se fosse uma bailarina.

Dizer que aqueles miligramas podem mover milhões de toneladas, mostra também a hierarquia do espírito diante da matéria. É como um general competente e bem assessorado comandando milhões de soldados capazes, mas obtusos. E é esta a posição do bem diante do mal. Se o bem se mover, o mal se afastará e até mesmo se converterá, porque não terá escolha. Um bom exemplo é a energia nuclear. Qualquer um que não tenha dormido nas aulas de física do antigo segundo grau sabe o que um quilo de matéria pode fazer, quando se transforma em energia. E afirmo que a energia obtida ainda assim é insignificante diante do espírito. Imaginem o que um quilo de espírito pode fazer.

Mas para que teu espírito trabalhe e se transforme de tal maneira, é necessário que lhe dê terra fértil, não precisa ser muito fértil, e que cuide de seu crescimento como um bom lavrador cuida de seu pomar.

A sutileza é que as sementes a que me refiro têm livre arbítrio, nem sempre germinam e crescem a contento, também nem sempre produzem como poderiam. felizmente o Bom Lavrador e o Bom Pastor são a mesma pessoa. Ele jamais desiste. Ele nos dará todas as condições para que cresçamos e frutifiquemos, e um dia teremos de volta a grória perdida de Capela. É um caminho sem volta.