terça-feira, 30 de agosto de 2011

Os chateus!

Na Santa Vontade de Deus.

Eu já cansei de levar esses maníacos a sério. Não vale à pena. Foi-se a boa época dos ateus que na dúvida, ficavam a observar para tirar conclusões. Embora esses bons cidadãos ainda sejam maioria, um número expressivo de aborrescentes com mãos peludas está fazendo o estrago que todos os ateus do mundo, juntos, não conseguiriam.

Em uma caixa de comentários de qualquer jornal, qualquer um mesmo, não pode-se escrever "graças a Deus" ou "Jesus Cristo!" que logo vem uma horda de desocupados a atacar os comentaristas, exigindo (isso mesmo, exigindo) que nunca mais se toquem "nessas superstições" perto deles, que "deus não tem nada a ver com isso", e o escambáu.

Eu cunho então um novo termo: Chateu.
Sabem aqueles crentes doentes que interpretam ao pé da letra tudo o que a bíblia diz? E que depois passam a interpretar ao chulé da letra tudo o que as pessoas dizem? Que babam de raiva quando vêem alguém escolhendo um incenso na sessão de espirituais do hipermercado? Que choram porque o arrogante insuportável vai para o céu porque paga dízimo e grita "aleluia, Senhor", mas que a "mãe de encosto" que é tão boazinha vai para o inferno porque fala com espíritos?

O chateu é pior, porque o crente-doente quase sempre é iletrado. É pior porque tem leitura, porque deveria (em tese) ter a mente aberta e abominar discriminações. Mas ele discrimina sem dó. Não tolera a hipótese de um médico ter receitado uma infusão de ervas para um caso suave, ainda que o paciente seja alérgico aos veículos dos alopáticos, porque é "superstição", ou porque "homeopatia é feita de nada". Eu trabalho há nove anos em vigilância sanitária, completos na semana passada, e advirto nossos leitores: Homeopatia funciona e é receitada por quem não tem medo de perder comissão por receituário, ou não dá a mínima para o que os balconistas de drogarias com diploma de medicina vão pensar a seu respeito. Os resultados práticos existem, mas o chateu não admite que o paciente esteja curado, ele afirma que é ilusão, ou efeito placebo, onde cai em uma contradição básica, pois o efeito placebo provaria que meios não físicos (como a sugestão) são capazes de curar. Mas não aponte essa contradição a um chateu, ele pode querer te bater, igual ao crente-doente.

Já me peguei a pensar se valeria à pena entrar em uma caixa de comentários só para irritar essas pestes, escrevendo algo como "Graças a Deus, meus irmãos! Jesus é misericordioso e essa menina há de ter sua cura, com a graça de Nossa Senhora, porque o médico foi tocado pelas bênçãos dos anjos e evitou o pior. Agora peço a todos os leitores deste jornal que orem por esta família e pelo médico, que demonstra uma cristandade comovente em sua dedicação sacerdotal à sua missão na terra, que há de render-lhe a devida recompensa. Glória a Deus, irmãos!" Imaginem um chateu lendo isto. Um crente-doente já subiria nas tamancas por causa do "Nossa Senhora", o chateu teria uma síncope, se não um AVC.

A argumentação do chateu, como do fanático religioso, é fundamentalista, freqüentemente com trema arrogante ao extremo, como se dissesse "Eu é que sei a verdade, vocês são só ignorantes falando besteiras" quando não se lança às ofensas pessoais. Pródigo em fazer citações de cientistas famosos, jura de pés juntos (!) que Einstein era ateu, com base em asneiras de alguém que ligou pontos de várias passagens sem interpretá-las, senão à sombra de sua presunção, e decidiu "divulgar A VERDADE VERDADEIRA E ÚNICA DO UNIVERSO" exctamente como os crentes-doentes fazem. Falta alguém tentar provar que Jesus é ateu... ou não falta?

Algo que muito impressiona aos observadores mais atentos, é que o chateu não percebe que tornou-se um religioso da pior estirpe. O chateu acredita e louva o deus-nada, de onde tudo veio e para onde tudo vai. Só não explica-se de onde o nada tira tudo e como o absorve, não sem tornar plausível um coelho botar ovos feitos de origem totalmente vegetal.

Eu tenho amigos ateus, mas nenhum deles é chateu! Simplesmente porque um chateu não suportaria um minuto de conversa comigo, não sem pular no meu pescoço e me obrigar a aceitar o deus-nada de todo o meu coração e do fundo do meu córtex.

Em mais de um texto, eu procurei defender os ateus racionais da sanha inquisitória dos fundamentalistas dogmáticos. Mas o fiz pensando naqueles amigos que amo como se fossem meus filhos, como a Fabiuska, a Pauluska, o Tércio, o João-bambalalão e outros ateus, que mostram uma dignidade civilizatória de fazer inveja aos suecos.

Chateus, se manquem! Eu sei que o universo não foi feito em seis dias e que o Criador não descansou no sétimo. Qualquer um que estude à sério as escrituras sabe que isto são códigos e metáforas, algo dito do modo como era possível, da maneira como as pessoas da época podiam compreender. Dizer que o homem conviveu com os dinossauros, alegando que seis mil anos são muito tempo, é querer me fazer de pateta. O carbono-14 não mente, ele não sabe falar! Respeitem os outros como querem ser respeitados. Eu detesto futebol, por mim os campeonatos profissionais seriam extintos, mas respeito quem gosta e não encho paciência de ninguém, entrando em fóruns que não me dizem respeito para xingar quem escreve "drible" ou "show de bola" por força do hábito.

Antes que algum chateu venha a me encher os pacovás, eu conheci um ateu de carteirinha, com doutorado em história, que há uns quinze anos converteu-se à Igreja Batista, e hoje é um cristão feliz e de bem com a vida, na Glória de Cristo e sob a Bênção de Deus. Eu também já fui ateu, mas chateu, graças a DEUS, nunca.