domingo, 11 de janeiro de 2009

Práticas exóticas?

Diz o ditado: Exótico é rico, pobre é maluco mesmo. Mas exótico é um termo referente ao que é estranho ao meio, estranho a ponto de dificilmente se poder integrá-lo sem prejuízo para as partes. Pois bem, é aqui que começa minha bronca.
Meu alfaiate dirige um centro espírita, ao qual infelizmente ainda não pude ir. Lá eles acolhem todos, Pretos Velhos, elementais, antigos espíritos que foram tidos como deuses, et cétera. O prestígio desse grupo é tamanho, que nenhuma entidade maligna consegue ficar de pé durante uma sessão. Viagens astrais devidamente acompanhadas, telecinese, resgates e tudo o que bons místicos prezam se encontra lá. O prédio é uma casa humilde, sem qualquer atrativo, mas basta ver sua configuração na outra dimensão para perceber o quanto é majestoso, por detrás daquela aparência despretensiosa. Eles lêem de tudo também. De O Código Da Vinci (êita picaretagem!) a livros de magia, passando por livros evangélicos e até manifestos ateus, eles lêem de tudo. Por isto mesmo têm autoridade para manifestar opiniões próprias, sem contaminações de arbítrio alheio. Eles sabem do que duvidam e no que acreditam.

Eles lidam com os elementais com tal intimidade, que a egrégora do mar ajuda freqüentemente nos socorros. Detalhe, estamos em Goiânia, a mais de mil quilômetros da praia mais próxima.

Pois pasmem, irmãos de caminho, a Federação Espírita condena, ainda que não propague, tudo o que eles fazem. Lá dentro, como em muitos centros que lhe são mais próximos, um funcionário não tem liberdade de pedir que os graduados dêem uma olhada em um livro que não seja esquadrinhadamente espírita kardecista, não sem receber uma reprimenda. Até parece o Vaticano.

Há centros que se tornaram tão materialistas em suas práticas, que nenhum espírito se manifesta há anos. Pior, os presidentes desses centros manipulam de tal forma as cousas, que não admitem candidaturas à sucessão. Gente que saiu da faculdade e acha que sabe muito mais do que alfaiates e professoras de primário. Aqui, um deles fez tanto, que acabou ficando dependente do Estado, que tem sido governado por protestantes um tanto radicais há mais de três mandatos, e eles acabam por dar pitacos sobre o que pode ou não ser feito durante as sessões; estas que já se resumem à leitura catedrática, fria e numérica do Livro dos Espíritos, quando muito de uma obra de Chico Xavier. Podem lhes perguntar o que quiserem, eles conhecem as obras "autorizadas" de cór e salteado, mas philosophar e meditar a respeito é outra história. É com o coração, não com o cérebro.

Vamos lembrar que os apóstolos (os de verdade, não os picaretas que assim se intitulam hoje) usavam e abusavam de materializações, incorporações, efeitos de cura e perfumes, transcomunicação e uma série de cousas que esses ex-píritas classificam de práticas exóticas. Comunicação útil com desencarnados é um dos pilares do espiritismo, e é proibida em muitos centros. Se tu fores a um e começares a falar da bondade de um Preto Velho, ou do modo como um anjo intercede, corres o risco de ser execrado. Porque eles rotulam como práticas exóticas. Será que proibiriam Divaldo Franco de entrar lá? Ou só lhe permitiriam o ingresso sem a companhia de Joana?

Agora vejamos o comportamento deles. Um dos ditos, um dos maiores manipuladores de estatutos de que já tive notícia, guarda rancores sem cerimônias, quando entra para uma sessão finge que não vê seus desafetos e adula seus partidários. Tamanha a falta de escrúpulos, que adulterou o estatuto original que os próprios espíritos superiores formularam, de modo a poder permanecer na presidência sem ser incomodado. Ditador é pouco, hein! Os espíritos em questão se mudaram, com o meu alfaiate, para a casinha humilde acima descrita, levando consigo os seguidores de maior valor.

Vamos ser francos, ninguém é dono da Doutrina, o que estão fazendo é tentar transformá-la em dogma, justo o que o espiritismo não deve ter. Proibir as pessoas de ler, ouvir e comentar algo, seja o que for, é manipular o livre arbítrio e podar o desenvolvimento intelectual. Não demora e começam a cobrar dízimos.

A boa notícia, porém, é que nada escapa à vigilância do alto. Ainda que eu seja adepto de métodos mais severos, aos poucos essa gentalha que detrata a Doutrina e atrapalha o retorno à sabedoria dos atlantes originais, será substituída por gente que pensa e deixa pensar, formula regras sem castrar a inteligência e não rotula o que não conhece. Pois o dogma, este sim é exótico e pernicioso. Foi com dogmas que o catolicismo foi corrompido por imperadores ateus.

Assim vale o que eu já disse noutro texto, pensem por si mesmos. Se um sacerdote ou um presidente de centro começar a querer dirigir tuas idéias, saia correndo sem olhar para trás. É fria! Tu vais errar não por que és estúpido, mas porque só se aprende errando. Agora, persistir no erro é sim estupidez, lamento.

Jesus tem, acredito, uns quinze bilhões de anos. Pois foi errando e aprendendo durante todo esse tempo que ele chegou ao ponto de poder construir um planeta próprio para dirigir, onde acolheu alguns milhões de marginais que estavam atrapalhando quem queria progredir em um mundo mais avançado; esses marginais somos nós, fiote. Pois se o próprio chefe do planeta diz "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", quem esses manoéis coloquiais são para querer censurar a leitura e as discussões sadias dos outros? Para conhecer a verdade é preciso estudar e investigar, o que não é possível com "presidentes" doentes transformando práticas milenares em superstição e Doutrina em dogma. Eles não conhecem de verdade o que falam.

Implantar um pensamento crítico e racional entre os crentes? Sou totalmente a favor, eu sou muitas vezes frio e calculista de tão racional. Mas não pensem que imitar os céticos vai atrair sua simpatia e convertê-los do ateísmo. Eu já fui cético e só por mim mesmo é que acordei dessa bobagem pseudo racional, ceticismo é falácia de orgulhosos. Foi justo com o apoio da bruxaria que deixei de ser cético para me tornar celtico. Não devemos de modo algum tentar colocar o cérebro à frente de tudo, porque não é com acumulo de conhecimentos que vamos nos livrar do ciclo reencarnatório. Se assim fosse, meu computador seria um arcanjo, mas é um capeta. É o coração que nos prende ao corpo, é por ele que nos chega a intuição e é ela quem deve guiar a parca razão humana. Tão parca, que não tem méritos para determinar sozinha o que é exótico e o que é endótico. Em verdade vos digo, nenhuma religião ou seja o que for, se aproxima mais do cristianismo puro do que o druidismo celtico, que é a essência da bruxaria branca.

Na dúvida, duvide do chefe. O chefe, ao contrário do Mestre, ainda é humano.