segunda-feira, 2 de maio de 2011

Em que eu acredito?

Não O vi, mas me convenceu.

No que me convence. Se não convence minha cabeça dura eu não acredito.

Já me cansei de ouvir gente dizendo que fé tem que ser cega, que se for raciocinar não se acredita em nada, pata-ti e pata-ta. Asseguro que sei no que acredito e que minha fé é a contraparte feminina de minha razão.
Quando era cético, eu não acreditava em praticamente nada, simplesmente porque não me convencia. Eu não tinha raiva das religiões, assim como não tinha raiva dos americanos nem dos soviéticos, que na época ainda existiam. Eu considerava astrologia uma grande picaretagem porque as informações que chegavam a respeito, quase sempre eram de ateus ou de crédulos muito despreparados; ou de crentes chatos aos quais fazia questão de não ouvir.

Eu queria muito acreditar em reencarnação, mas também não tinha elementos para crer nela, então não acreditava e ponto final. Não tem lógica o Criador mandar um coitado nascer na Coréia do Norte, se (na palavra dos fundamentalistas) ele nunca tinha existido e portanto não teria culpa da qual se redimir, na concepção. O que justificaria alguém ser escravo de um Estado, enquanto outro nasce em uma família rica da Suécia? Isto configuraria favorecimento a um de dois seres que sequer existiam, até a fecundação do óvulo. Que sentido haveria em o Criador brincar com a vida alheia desse jeito? Seria dizer que Deus cria e mata só por diversão, escolhendo depois quem lhe agrada para dar paz eterna e punindo com danação eterna quem não teve chances de aprender nada. Pela conclusão da longa ponderação a respeito, a "existência" de Deus tornaria automaticamente existente a reencarnação. Ou seja, nasce em família rica quem fez por onde em uma vida anterior, nasce escravo no século XXI quem deve muito e não tem como pagar em uma vida livre, com possibilidades de crescer socialmente.

Aos evangélicos que vivem me enchendo a paciência a respeito, e demonstram nada saber de política internacional, há países onde a actuação de vocês dá cadeia, quando não dá morte, portanto centenas de milhões de pessoas passam a vida inteira sem ter a mínima chance de conhecer a bíblia. Por que Deus fez isso com eles? Eu já li a Bíblia e nada nela justifica isso. Anos mais tarde vim saber que a maior parte dela foi amputada por questões políticas, muito dessa amputação está nos textos apócrifos.
Em suma, as explicações das igrejas cristãs, por tabela islamismo e judaísmo, não me convenciam. Foi justamente estudando magia que encontrei a verdadeira essência do que é o cristianismo, longe da verborragia retórica romana. Irônico, não?

Eu já acreditava em psicologia, à qual muitos céticos torcem o nariz por não impôr gastos com drogas fabricadas, porque já tinha sido beneficiado por ela, no que aproveitei para estudar um pouco a respeito e me ver do outro lado; até hoje me é útil na lida com as pessoas. Ou seja, cérebro e mente estão interligados, mas não são a mesma cousa cousíssima nenhuma. Assim como um processador sem um software não passa de um pedaço de silício inútil.

Eu não acreditava em elementais, mas uma fonte confiável me fez ver o contrário. Confiei até que um dia vi uma pequena salamandra saracoteando no rodapé do meu quarto, durante minhas preces meridionais. Eu não em encontrava em êxtase, não uso drogas, não bebo e não vejo bbb. Eu estava sóbrio e atento ao mundo material. A quem já sabe do que falo, preciso dizer que o quarto ficou quente?

No frigir dos ovos, de livre e espontânea vontade, ainda que por influência indirecta de uma amiga, passei a freqüentar uma igreja católica. E vejam que bela surpresa eu tive! O padre então responsável pela missa das sete, costumava dizer "Deus, Pai/Mãe de misericórdia...". Hoje é o padre Clóvis, que batizou João Batista, que celebra a missa das sete da manhã, e mesmo ele costuma soltar umas dessas. Passei a acreditar no movimento que as múmias do Vaticano tentam em vão sufocar. Certa feita, meu alfaiate perguntou a um padre, cujo nome não revelo nem que me mandem de novo à fogueira, sobre o que ele achava da reencarnação. Resposta: E o que mais explica a misericórdia divina?.

É de certo modo confortável acreditar sem raciocinar a respeito, ou duvidar sem investigar por conta própria. Isto te livra da responsbilidade de viver de acordo com sua consciência, já que ela fica burra. Burra porque as perguntas que ela faz, e ela sempre faz, ficam sem respostas satisfatórias. A função dela é te cobrar tuas faltas e dar o caminho para repará-las. Assim fica fácil entender os actos dos terroristas "religiosos" e ditadores ateus que ainda infernizam o mundo. O ateísmo, palavra de quem já o seguiu, também é uma fé, no nada, mas é uma fé.

A fé devidamente casada com a razão ganha uma estrutura própria, permite que se mude aquilo em que se acredita sem deixar de acreditar. Exemplifico; Há alguns anos li livros de Lobsang Rampa, que recomendo, um dos quais narra Rampa se dividindo entre dois corpos o de nascença e um cedido por um inglês. O de nascença estaba em Lhasa, já sob ditadura chinesa, onde nasceu. Este era utilizado para manter contacto directo com os monges sobreviventes da invasão, quando adormecia, utilizava o corpo ocidental, que estava aprendendo a utilizar. Quando o corpo tibetano morreu, ele já sabia lidar bem com o inglês e passou a usar só este.

Há uns dias, minha amiga Patrícia Balan disse que acredita ser possível que gente ruim volte como um verme. Decerto que a vida de um verme é insignificante diante das décadas de vida normal de um homem, mas para quem se ligar ao corpo do verme, será uma vida inteira de verme,  sob risco iminente de ser presa fácil para formigas, ou ter seus órgãos dissolvidos pelo veneno de uma aranha. Afinal, os trevosos não conseguem, a muito custo, guiar répteis quando conseguem encontrar desafetos suficientemente "maus", que se encontram encarnados? Já tive relatos a respeito e todos com grande coerência. Ou seja, é possível um humano voltar a ter a sensação de ser um animal selvagem evoluído demais para ser aceito por seu grupo, sendo assim rejeitado e, sozinho, virar prato fácil para grandes felinos. E acredite, tem gente que se corrói tanto pelos remorsos, que pede para sofrer assim.
Há pessoas que se oferecem para um aborto espontâneo, com todo o sofrimento inerente, para ajudar alguém a pagar uma dívida. Alguns de vocês já fizeram isso, só não se lembram.

Em Papai Noel e Coelhinho da Páscoa eu não acredito. O conhecimento que acumulei é suficiente para separar criaturas místicas de superstições. Eu desenvolvi senso crítico para tanto, sofri pra caramba para chegar ao pé da montanha, onde estou. Assim que derem o sinal verde, estarei descansado o bastante para começar a subir, mas daqui já dá para ver as multidões dos que acreditam ou descrêem por ideologia, por conforto ou por medo. Ideologia e medo eu já risquei do meu mapa. Troquei pelo senso crítico e pela prudência, a diferença é que não me prendem e me cobram quando necessário, deixam meus pensamentos e meu raciocínio livres. Já o conforto, bem, eu estou em um corpo que sempre foi desconfortável, cada vez que preciso reentrar o meu perispírito fica enrugado para servir direito, fico parecendo um maracujá de gaveta da cabeça aos pés espirituais. Nunca tive conforto, então não me apeguei ao dito cujo.

Há algo em que acredito e que poucos, senão raros, estudiosos (ateus e teístas) se deram o trabalho de investigar. As mitologias, que em tantos pontos se cruzam em todas as culturas do mundo, são dramatizações e romanceamentos da história de cada espírito superior responsável pela Terra. Elas narrariam superficialmente as vidas e o aprendizado de cada um deles. Eles já foram como nós, não nasceram perfeitos, se purificaram ao longo de milênios, na riqueza e na pobreza, como homem e como mulher, atravessando todas as fases que seus respectivos planetas de origem ofereceram. Nisto eu acredito não só porque faz sentido, mas também porque é uma conclusão à qual cheguei por conta própria. Era uma simples idéia que minhas saídas semi-conscientes do corpo acabaram embasando e consolidando.
Eu não admiro menos alguém que já foi imperfeito, muito pelo contrário, que mérito há em receber tudo de graça e de uma só vez? Que lições alguém assim teria a dar?
Quando Roma adoptou Jesus como o nome do arquiteto deste mundo, quis de certa forma preservar o culto ao Sol... E não é que, sem querer, eles erstavam absolutamente certos!!!

Provas podem ser manipuladas e explicações podem ser embaralhadas para confundir e induzir. Então há uma pergunta que faço quando alguém quer me converncer de algo, seja do que for: Justifique e fundamente. Para algo de bom a época de cético serviu.

Edição em 23 de Maio de 2011. Por conta da pane no Blogger, o texto sofreu amputações e distorções que precisei corrigir. O conteúdo, porém, está intacto.

2 comentários:

Patrícia Balan disse...

Meu nome foi citado mas o texto foi cortado. Censura da Fox?!
Pelas coisas que já vi, o raciocínio e a lógica me parecem outro tipo de religião. Me ajudam a tentar chegar mais perto de Deus - até ele me avisar que já estava do meu lado o tempo todo.
Quando a gente passa devagarinho por um fato que não pode estar acontecendo acaba ficando mais aberto para a dúvida, e por consequência, para a fé.
Neném só aprende a chorar quando o bumbum molhado incomoda. A gente só aprende a confiar quando passa pelo desespero.
Sempre tem mais coisa acontecendo depois do "CHEGA!". Não tem nada que não escape às minhas mãos, nem coisa alguma que não me surpreenda, por mais pessimista que eu escolha ser.
Sem fé, não dá. Eu iria pirar do jeito que eu não queria - e não pirei.
Beijos.

Nanael Soubaim disse...

Obrigado por ser minha leitora, gente como tu faz minha pendenga valer à pena.