Olá, amigos do blog.
Como minha primeira postagem, pra ser um assunto leve, contarei uma breve história.
Existe mesmo coincidência ou tudo já está escrito para nós?
Acho que existem as duas coisas, mas a beleza está em saber reconhecer qual é qual.
Existe Deus ou é tudo uma fórmula matemática cujos erros e imprevistos somos nós?
Bem, não sei. Apenas paro para analisar tudo o que acontece, pra tirar minhas conclusões.
Deixo para vocês analisarem o texto.
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Eu sempre tive o hábito de observar a vida, principalmente a minha.
É intrigante estar vivendo e de repente poder enxergar tudo como se fosse uma terceira pessoa, analisando e questionando nossos passos, pensando em como dar o próximo.
Bem, numa dessas vezes, eu, vagando distraído, olhando minha vida passar como se estivesse na janelinha de um trem, vi passar do lado de fora, ao longe, uma pessoa.
Fiquei surpreso.
Realmente, na minha paisagem, é difícil surgir alguém assim. Normalmente é tudo muito vazio, pois afinal, as pessoas que gosto estão dentro do trem, não fora dele.
Pedi para o maquinista parar. Um homem durão o maquinista, sempre com pressa! Leva a minha vida rapidamente pelos trilhos do tempo, as vezes sem me dar oportunidade pra curtir o que vejo.
Nesse dia, entretanto, eu fui, enfrentei a fera e fiz tudo parar, bruscamente. Curioso, mas com cautela, fui até esse interessante personagem, parado ali, no meio do nada, com um olhar perdido e cativante. Tive logo a forte impressão de conhecê-lo, mesmo sem nunca ter visto seu rosto. Um estranho familiar, como diz uma certa música...
Nesse momento a viagem estava cansativa. Passava por pântanos nebulosos e florestas escuras. Ele percebeu minha angústia e com uma voz doce, ao ver que me aproximava, convidou-me para sentar num banco, que surgira próximo a ele.
Sentamos.
Sem eu dizer uma palavra, ele foi contando histórias de sua vida, contos trágicos e também cômicos, como se quisesse mostrar para mim que a viagem dele era dura e penosa, como a minha.
Fiquei horas a fio apenas ouvindo e me comovendo. Apesar de ter sido muito ferido, o homem sorria sempre. Dizia para mim, entre outras coisas, que por mais que nossos desejos não se realizem imediatamente, sempre temos a possibilidade de concretizar nossos sonhos, se não nos deixarmos abater pela tristeza e pela derrota. Dizia que o importante era continuar viajando, independente da paisagem e do terreno que se formasse a nossa frente, que sempre deveria andar de cabeça erguida e jamais pensar em pular do trem e ficar vagando perdido para sempre.
Encantado e também confuso, perguntei a ele a razão de ter me dito tudo isso, de ter perdido tanto tempo apenas conversando comigo.
Ele sorriu e respondeu que não sabia o motivo, apenas teve vontade de me ensinar, pois sabia que eu tinha algo para aprender antes de chegar à próxima estação.
Chorei agradecido e dei-lhe um abraço. Agradeci por ter me mostrado que na realidade eu estava cego, pelo orgulho e pela soberba, nascidas da dor e de experiências pessoais desagradáveis. Agradeci por ter perdido tanto tempo de sua preciosa vida comigo, apenas pelo prazer de ensinar, sem pedir algo em troca.
Pedi por fim, que me acompanhasse, que subisse no meu trem e partisse comigo para terras ensolaradas. O homem, doce e gentil, apenas sorriu e infelizmente declinou o convite. Apontou para o trás de si e me fez ver que havia um trem a sua espera.
Senti um aperto no peito. Não queria que ele fosse embora, pois queria ter sua companhia.
Percebendo novamente minha tristeza, ele respondeu que apesar de nossos trens serem diferentes e andarem sobre trilhos distintos, nossos caminhos eram paralelos e seguiriam assim por muitos anos. Só nos afastaríamos se fosse nosso desejo.
Despedindo-se, deu-me um abraço bem apertado e prometeu que seguiria comigo até onde lhe fosse permitido. Virou-se e foi até seu trem, que apitava nervosamente.
O meu também chamou minha atenção, ancioso por continuar a rodar e viajar.
Entrei na minha condução e disse ao maquinista que poderia seguir viagem. Feliz, ele acionou uma alavanca e tudo começou a mover-se rapidamente, sempre em frente, rumo à estação final.
Sentei-me num banco e olhei pela janela, me perguntando se aquele curioso encontro foi mera coincidência.
Acho que não.
Será mesmo que um erro no cáculo matemático do universo daria origem a esse tipo de situação?Ou tem alguém que olha por nós e no momento em que pensamos em pular do trem, nos envia um estranho para nos ensinar a viver novamente?
Como saber a hora exata da nossa necessidade?
Como saber com exatidão aquilo que precisamos ouvir?
Não creio que tenha sido um mero acaso e sim uma resposta a um pedido de socorro, sutil e silencioso.
Enquanto olho pela janela, agradeço por ter sido visitado por um anjo, que mesmo sem asas continua a derramar sua divindade, estendendo suas mãos cálidas e repletas de cicatrizes, para ajudar a levantar alguém que precisa.
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Esse texto é dedicado ao meu amigo-irmão Alexandre, meu anjo da guarda que surgiu da maneira mais esquisita na minha vida, mas que ajudou a levantá-la para que eu pudesse seguir em frente.
Te amo maninho.