sexta-feira, 8 de julho de 2016

Mentalizar uma cor

    Hoje, após muito tempo, consegui fazer o primeiro banho que uma entidade cigana amiga me recomendou. Não, não era a Eddie, foi um desencarnado. Foi após o banho de higiene material, após pingar... Eh, bem, acabou que o óleo de orquídea ganhou vontade própria e pulou em quantidade "um pouco" maior no balde com água... Vamos ao caso. Derramado um pouco da essência em cerca de sete litros de água, respirei calma e compassadamente, em tons bemóis, visualizando a cor necessária, então derramei o preparado d cabeça para baixo, esperei um pouco e retomei a rotina.

    Simples, não? Não. Não para a maioria. A questão é que no ocidente estamos acostumados a racionalizar tudo, quantificar, analisar, medir, mensurar, calcular e classificar. É quase involuntário, está muito arraigado em nossa civilização e o subconsciente já está programado, faz parte de nosso sistema de defesa. Pois é aqui que a porca torce o rabo, meus amigos, porque o raciocínio produz automaticamente a cor amarela. Simples: raciocinar = amarelo. É da natureza da lógica.

    Se eu pensar na cor azul, produzirei amarelo. Se eu pensar em rosa, produzirei amarelo. Se eu pensar em preto, produzirei amarelo. A questão aqui envolve muita psicologia, além de experiência, para não ceder à tentação de estar no controle da situação. Não é para não estar, é para não tentar estar. Se teu pensamento faz sinal de "vou te pegar", o universo responde "fui!", porque entende que se trata de uma caça, então vai acontecer uma caçada e o caçador terá que correr para pegar sua presa. É aqui que a coisa fica realmente amarela! E é aqui que qualquer ritual vai pro saco, não importa o poder do praticante.

    Nós crescemos sem saber diferenciar o raciocínio da imaginação, tendo esta como um subproducto supérfluo e incômodo, mas é ela quem deve selecionar as cores que vamos visualizar. Por quê? Porque a imaginação não tenta deter, ela simplesmente cria e contempla, é a função dela. Trazer para o mundo físico, então sim é tarefa do raciocínio, mas conceber é tarefa para a imaginação. Tanto, que quando simplesmente imaginamos as coisas, elas podem mudar um pouco suas características, os tons de azul mudam um pouco, a altura, a cor dos olhos, a folhagem, enfim... É normal. Ao contrário do raciocínio, a imaginação lida muito bem com pequenas instabilidades.

    Muda, mas a essência continua lá, continuamos a ter em mente o que imaginamos. As razões das mudanças nesta fase são muitas, até mesmo a respiração pode fazê-lo, por isso é aconselhado mantê-la o mais calma e compassada quanto possível. Lamento pelos apressados, mas requer prática, não raro anos de prática. Com a respiração controlada, as emoções também se controlam, em vez de te controlar, assim não é preciso amarelar e recorrer ao raciocínio lógico.

    O que eu fiz hoje foi basicamente o seguinte, dois pontos: Me preparei desde algumas horas antes, me mantendo o menos estressado possível, depois de um dia de trabalho estressante e uma viagem estressante de ônibus. Com o estresse controlado, me concentrei, mesmo com as tarefas normais em andamento, no banho. Eu precisava focar no banho e na cor azul. A primeira que me veio foi um tom bem claro, praticamente um azul bebê. Mudou para turquesa, passeou por outros tons, mas sempre voltava ao azul bebê.

    Eu não segurei a cor na mente, apenas deixei que a sensação e as emoções que tenho quando vejo a cor azul, se mostrassem. As emoções sim, são capazes de reter a imaginação, mas de forma natural, espontânea, facilitando visualizar e, a partir de certo nível, até manipular o que se visualiza, mas não foi necessário naquele momento. Pronto! Azulei e cá estou eu, ainda secando e quase seco, cheirando a orquídea, só espero que não haja abelhas por perto.

    Em resumo, quando precisarem mentalizar algo, deixem o raciocínio lógico descansar, dêem à sua imaginação a tarefa de formar a imagem e à emoção a de manter tudo nos padrões, com pequenas e salutares variações, afinal não somos estátuas, só estamos vivos porque as células são constantemente substituídas! Mas treinem, treinem sempre, porque o raciocínio é perfeitamente capaz de querer ajudar e se fantasiar de imaginação, te fazendo acreditar que já és um mago implacável, quando na verdade só estás amarelando. Não é por maldade, é uma artimanha do subconsciente, ele quer te defender  todo custo, por isso precisamos praticar sempre.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Alerta sobre a meditação




  Existe uma histeria anticapitalismo que cresce desde fins dos anos noventa, mesmo com o capitalismo em si já estar morto desde o início do século, e mesmo sem haver nenhum sistema econômico de verdade que funcione; estamos à deriva desde então. Essa histeria acaba gerando uma phobia também a tudo o que é ocidental, gerando o crasso equívoco de que tudo o que é oriental, é bom, justo, puro e virginal. Lamento meus queridos, isso não existe e nunca existiu no orbe dos homens. Quem estuda a sério, sem viés ideológico ou religioso, minimamente a história e a política gerais, sabe que nunca houve nação boazinha, porque nações são formadas por pessoas, espíritos degredados; trocando em miúdos, malas que não se comportaram e foram expulsos dos planetas de origem.

  Well, a vítima mais recente dessa histeria antiocidental é a meditação. O que houve? Alguém não conseguiu ficar relaxado e de bem com a vida, depois de uma sessão de meditação? Por incrível que possa lhes parecer, sim, é isso mesmo. Vamos ao breve histórico.

  Hoje em dia e em noite, qualquer um que aprende a relaxar um pouco já se considera um mestre Ascenso da meditação transcendental. Com a recusa inconsistente de muitos “cientistas” em reconhecer benefícios que não resultem de interferências químicas, não existem parâmetros legais e técnicos para definir quem está ou não apto a orientar a pessoa à prática meditativa. Mais ou menos como se qualquer um com paciência para ouvir potoca, se achar apto a praticar profissionalmente psicanálise.

  Um grupo de “pesquisadores”, baseados exclusivamente em casos mal sucedidos, decretou que a meditação não acalma, pelo contrário, só piora o comportamento do praticante... Oi?

  Os casos relatados incluem um sujeito que saiu de uma sessão altamente estressado, a ponto de ter feitos horrores ao volante até bater em um poste. Relatos de angústia, medo, frustração e outros bichos do gênero, são numerosos. Vocês, gente minimamente familiarizada com os benefícios e riscos potenciais da lida espiritual, devem estar de cabelos em pé, se perguntando se alguém esperava se livrar da samsara com duas ou três sessões de meditação. É por aí mesmo.

  Vamos aos factos para os que acabaram de chegar, e aos que só estão olhando pela janela e pensam que assim terão a mesma carga de experiência dos que põe a mão na massa. Meditação não é brinquedo, não é inofensiva, não é nem mesmo garantia de sair mais alegre de uma sessão, mesmo que conduzida por um RARO instrutor competente. Meditação, se mal feita, pode induzir ao suicídio, meus amigos. Já explico, só um minutinho...

  O que a prática meditativa faz, basicamente, é primeiro acalmar a mente, depois abri-la, em seguida organizar para facilitar consertar o que for necessário. Acontece que um bom orientador só pode fazer o que lhe compete, que é conduzir e socorrer, se for necessário, o praticante. Se tu começas a praticar, a responsabilidade pelo trabalho é tua. É aqui que os materialistas mais pegam no pé, porque meditação é vendida como um milagre ao alcance de todos, como se fosse um tarja preta que dispensa controle e receituário. Bem, pode ser um milagre, mas sua operação é responsabilidade e risco do praticante. Vamos aos pontos citados:

·         Acalmar a mente consiste basicamente em controlar a respiração, deixar lá fora o mundo exterior e permitir que os pensamentos fluam. O que mais frustra é justamente a falha das pessoas no controle da respiração, porque querem efeitos imediatos como um tiro na testa. Nisso, não conseguem deixar lá fora os problemas que não fazem sentido em uma sessão desse naipe. Por conseqüência com trema, para agravar a coisa, os pensamentos não fluem como deveriam. Eles deveriam correr e ir embora, mas ficam retidos no colesterol psíquico da ansiedade e do apego, e uma vez retido o pensamento se torna muito evidente, trazendo à tona todas as lembranças e lambanças relacionadas a ele. Vocês sabem muito bem o que a maioria de nós tem guardada na memória, mágoas e ressentimentos são apenas dois exemplos, e não são os mais graves;

·     1 -    A mente aberta, no meio de toda essa bagunça é como um intestino descontrolado. Milhares de pensamentos e ressentimentos, que talvez o inconsciente nem tenha avisado que estavam lá, começam a gritar todos ao mesmo tempo. Aqui acontece uma versão muito piorada da projeção do ego. Algo que seria minimamente controlável, em situações normais, se é que existe alguma, agora flui como se ganhasse vida própria, como se uma larva astral se aproveitasse de toda essa baderna para se alimentar e fomentar mais baderna; e é o que acontece. Sentimentos ruins se retroalimentam até o praticante estar à beira de um colapso, seja por infarto, seja por um surto psicótico... Foi o que aconteceu no caso. Felizmente o cidadão arrebentou o carro em um poste, não na multidão que não deixa Nova Iorque dormir;

·    2 -     Como organizar tudo isso? Como sair à tona para respirar, diga-se de passagem, se a pessoa insiste em atacar todos os seus medos e frustrações ao mesmo tempo? A que é talvez a função mais nobre da meditação, fica travada. Como um computador mesmo, que só destrava desligando na tomada ou tirando a bateria. Infelizmente não dá para desligar o corpo humano e religar depois, não sem uma parafernália médica tecnológica gigantesca que poucos hospitais no mundo têm. A salinha da “escolinha de meditação” não tem. Com a organização travada, não há como consertar coisa alguma, e a tendência é tudo se arrebentar de vez. Por favor, que seja o carro no poste, não vocês no chão de um precipício!

3 -  O que a meditação faz de verdade, como vocês devem ter percebido, é colocar nossos demônios diante de nossos olhos, prontos para serem analisados e postos sob nosso comando, situação em que deixam de ser nocivos e podem ser até bons, de vez em quando. Mas se tu não os controlas, eles te controlam. E sem noção de bom e mau, certo e errado, seguro e perigoso, eles vão arrebentar coma tua vida e, se brincar, com as próximas três encarnações, por carmas adquiridos em surtos psicóticos.

  Agora alguém aí, provavelmente o fulano que só observava tudo da janela, pergunta como deixam uma coisa tão perigosa ser praticada sem um atirador de elite por perto. Acontece que as técnicas meditativas foram desenvolvidas em épocas muito remotas, quando o cidadão trabalhava de manhã, ia descansar, voltava mais tarde, parava para o almoço, tirava uma sesta, recebia uma visita, concluía o serviço do dia e ia para casa. Naquela época, não essa profusão quase selvagem de mídias ao alcance da mão, muito menos a ansiedade por usar todas ao mesmo tempo. Era relativamente fácil a pessoa ficar em silêncio absoluto todos os dias, nos mesmos horários, sem ser perturbada.

  Hoje isso beira a utopia. Aquele maldito aparelhinho que reúne dezenas de funções de dezenas de aparelhos em um só, fácil de extraviar, roubar ou dar pau e inutilizar todas elas de uma só vez, é quase obrigatório até para se manter o emprego. Ainda não tenho smartphone, mas sei que nem encontrarei celular de teclado, quando precisar substituir o actual. Vou dar umas dicas para remediar o problema, até encontrarem alguém que realmente saiba o que está fazendo e possa orientar o praticante de forma segura, sem precisar de um soldado fortemente armado para controlar surtos.

  Cultive uma rotina. Palavra que causa calafrios em muita gente, a rotina é vital para disciplinar a mente, esqueçam o conceito imaturo de que a rotina poda a liberdade. Não confundir “rotina” com “bitolar”. Se tu não sabes a diferença, está na hora de sentar-se no divã. A meditação é como uma locomotiva ultra poderosa, que pode te ajudar a arrastar o mundo, mas também pode de atropelar.

  Decidindo-se a aceitar uma rotina mínima, reserve nela um tempo para o nada. Sim, nosso amigo nada é capaz de muitas boas coisas, se o deixarmos trabalhar. Desligue tudo o que não for essencial e puder ser desligado, sente-se da forma mais confortável possível, mas não a ponto de ficar com sono, foque a visão no vazio e deixe rolar. Aos poucos, com o tempo, tu vais se acostumar a ouvir o som da respiração. Qualquer alteração do ritmo respiratório não vai mais passar despercebido pela mente consciente, e será um sinal amarelo que teu ego saberá interpretar a contento e em tempo hábil.

  É só? Sim, é só, mas não é fácil como parece. As tentações, os medos, a ansiedade e as neuroses vão te chamar a todo momento, até se acostumares ao nada. Facebook, Tweeter, WhatsApp, televisão, seriados e outras bobagens vão exigir tua atenção até perceberes que realmente não precisas deles o tempo todo. Na verdade, com o tempo, vais perceber que não precisas de nenhum deles mais do que de vez em quando, o que poderá causar indisposições sociais, mas é um custo de que deves ter ciência e estar disposto a pagar para ter paz. PAZ.

  Chamadas profissionais e de emergência são outra conversa, mas o que não for essencial, e é justamente esta a área que mais te toma tempo e paz. Vais se surpreender com o tempo livre que vais encontrar, porque até as baladas sagradas de todo fim de semana podem perder importância. Quem for teu amigo vai entender, quem não for, agradeça-se por ter iniciado a prática e deseje boa viagem.

  Usufrua de tua paz.