domingo, 20 de maio de 2012

A árvore gigante


Nenhuma árvore chega aos céus, se suas raízes não chegarem ao inferno. É o mesmo com as pessoas, ninguém consegue alcançar a iluminação, e conseqüente saída da roda reencarnatória, sem saber lidar com todos os seus baixos instintos. A vida é cruél, não?

Não! Não é.

Acontece, que o que fizemos de bom ou ruim, não desaparece. Pode até ser quitado, com as bordoadas das vidas terrenas, mas permanecem em nosso histórico, simplesmente porque tudo o que nos acontece hoje, é reflexo desses acontecimentos. Claro que existe muita perversidade, que as pessoas parecem gostar de colocar seus problemas sobre ombros alheios, que existe muita trapaça, at cétera. Sim, mas daquilo que nos foi designado, tudo está relacionado às escolhas que fizemos, desta ou d'outras vezes, geralmente produzindo dívidas com outras pessoas, que foram prejudicadas por elas; isso inclui a perversidade, o colocar seu peso em ombro alheio e a trapaça.

Sabiamente, o registro de todos os pensamentos e ações estão gravados nos próprios corpos astrais do indivíduo. É como se fosse um disco rígido perfeito, com capacidade infinita, acesso imediato aos arquivos e imune a todo e qualquer ataque. Cada ação que deixamos de resolver, fica no arquivo como erro. Como até os leigos em computação sabem, um erro, um dia, acaba por travar todo o sistema e haverá a necessidade de reformatação. É aqui que mora o inferno, porque a criatura se vê obrigada a a lidar, de uma vez só, com todos os seus erros, até os mínimos, que não foram resolvidos por negligência até com os mais importantes.

E quem dera esses erros ficassem paradinhos, hibernando à espera de uma solução. O disco rígido gira e, mesmo sem querer, acaba rodando aqueles erros, que geram mais errinhos e estragam até a melhor das intenções. Essas boas intenções, contaminadas pelos erros insolutos, acabam sendo usadas para justificar qualquer atrocidade, o que a história contemporânea mostra em fartura. É por isso que o inferno está cheio delas.

Sim, existe um lugar (meta)físico que pode facilmente ser chamado de inferno, e os espíritos muito envolvidos em seu orgulho e incapazes de lidar com seus erros, não se sentem confortáveis para ir a outro lugar senão para lá. Mas não é este inferno que devemos temer, dele saímos com a simples intenção firme de sermos melhores, ou mesmo com a ajuda de benfeitores. O inferno que devemos respeitar muito, é o que nós mesmos criamos, porque deveremos mergulhar nossas raízes nele e absorver seu veneno, até que ele esteja completamente esgotado.

A árvore até consegue crescer com raízes rasas, mas torna-se frágil. Vocês sabem o quanto o vento fica mais forte à medida que se sobe. Quem viaja regularmente de avião, sabe do que estou falando. Chegará um ponto em que a base não suportará e a árvore cairá. Ela pode ser reerguida, mas sem raízes profundas, ficará perenemente dependente de escoras, impedida de crescer mais.

Mas, depois de esgotado o veneno, a árvore consegue voltar a crescer normalmente? Sim, até mais rápido, porque já terá criado raízes fortes, tão amplas quanto profundas, e a escavação feita assegurará sua estabilidade aos ventos.

Até quanto pode crescer a árvore? Infinitamente, para cima e para baixo. Sei, crescer infinitametne para o inferno é algo assustador, mas devo esclarecer que o inferno, como agente repressor e punitivo, não existirá mais. E quem chega a este estágio, compreende facilmente que precisa ajudar os outros a crescerem também, por isso não tem problema algum em manter raízes para mostrar-lhe suas origens, erros, acertos e toda a bagagem que facilitará ensinar aos espíritos mais novos.

Apesar da assistência de quem já passou pela situação, nós quase sempre aprendemos do modo mais difícil, o da tentativa e erro, e erramos muito! Mesmo com toda a ajuda possível, e necessária, nossa 'salvação' é de nossa responsabilidade, só nossa e de ninguém mais.

Nem todos notam as semelhanças entre as mitologias, bem como as "coincidências" entre elas. Aprendi que elas nada mais são do que adaptações, variando de cultura para cultura, das vidas encarnatórias de espíritos evoluídos. Longe da deturpação humana, vemos que todas as divindades tiveram suas fases de infância, rebeldia, maturidade de sabedoria, sendo esta a em que deixam o mundo em definitivo. Ou, a em que suas copas tocam o céu. É por isso que os mitos têm tamanha carga social, psicológica, política, pedagógica, enfim, é por isso que a cada dia os especialistas aprendem mais com elas. E sempre aprenderão mais, elas são o tronco que une as divindades (não confundir com O Criador) que já estão nos céus aos pobres mortais ainda rastejantes, que oscilam do inferno para o limbo terrestre, na maior parte do tempo. Notaram a ajuda imensa que temos e a maioria nem se dá conta, até rechaça por questões dogmáticasa. E os livros de mitologia são quase sempre baratinhos, já que não pagam direitos autorais... Se bem que a Grécia está precisando deles, né...

Compreendendo a necessidade de aprofundar-se em seu próprio inferno, ele começa a ficar menos assustador. Tanto menos quanto maior for a decisão de não se pagar mais juros das dívidas feitas. Sim, claro, o sofrimento que isso causa pode ser muito grande, proporcional à negligência com esta obrigação. É como ir levando a saúde com a barriga e, quando inevitável, se descobrir que o tratamento mais longo, caro e doloroso, é o único recomendado. Ou seja, não é crueldade da vida, exigir que reparemos nossos erros o quanto antes, nem que busquemos olhar de frente os vermes da podridão que deixamos acontecer, por abafar o que já estava ruim. Quanto antes o fizermos, tanto antes nos livramos deste suplício.
Há espíritos raríssimos, que conseguem passar ilesos pelo início do exercício de seu livre arbítrio, até o último suspiro de sua última existência encarnatória. Tão raros, que nem são levados em conta, quando se faz uma estatística a respeito.

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