domingo, 12 de fevereiro de 2012

Não significam nada?


O que significa uma placa informando "proibido estacionar" em uma esquina? Nada. Absolutamente nada! É tudo invenção de figurões, que querem controlar nossas vidas, decidir o que nós devemos fazer com nossos carros, limitar nossa liberdade e ganhar dinheiro com multas. Por isso que eu não acredito nessas bobagens, que são até bonitinhas, dão a sensação de segurança ao mostrar um limite imaginário, para fazer as massas se comportarem direito, et cétera. Mas não, elas não existem de verdade, não mesmo. Já passei de duzentos por hora em um autódromo, que tem condições controladas e seguras, já andei na contramão quando não havia nenhum outro carro na pista, já dei cavalo de pau, já parei no meio da pista e tudo mais. Comigo nunca aconteceu e nunca soube de alguém que tivesse sofrido por causa dessas "placas de trânsito". O que isso prova de modo inconteste, dando-me a nota fiscal da verdade única e absoluta? Prova que leis de trânsito são superstições. E quem as segue é trouxa, é otário, é ignorante e merece ser humilhado em público. Eu sou biólogo com triplo PhD, sei que é impossível um organismo evoluir e se tornar um semáforo, portanto cale a boca agora!!!

É mais ou menos o que escrevi acima, que ouço e leio de ateus radicais, sobre os ritos, a religião, o folclore e (principalmente) o casamento. Já me ofenderam soltando fogo pelas ventas, por isso. Mas experimente estacionar na esquina. Pode ser que nada aconteça, mas o risco de um caminhão arrebentar a tua lateral, por falta de espaço para manobrar, é grande... Já aconteceu com uma Caravan, na esquina aqui perto. Nunca mais apareceu.

Por causa da manipulação da instituição Casamento, ao longo da história pós-atlântica, o número de pessoas que lhe negam e renegam sistematicamente qualquer valor é grande. Gente que nem tem (a maioria) intenções perversas, mas que gosta de gritar e encerrar o assunto para não ouvir de volta. Ah, como eu detesto retórica e prolixia! Deixo o outro ficar com a sua razão, não vai acreditar em absolutamente nada do que suas cartilhas não lhe permitem crêr. Casamento significa, na mais superficial e tímida hipótese, que a tua liberdade irresponsável já não existe mais. Escolha logo, ou casa ou permanece torrando a grana em caprichos, passando noites de esbórnia, fazendo viagens sem avisar ninguém, et cétera.

Bom, caríssimos, os ritos, mandingas e corruptelas mágicas são como as placas de trânsito, que indicam que caminhos seguir e suas regras, para chegar-se aonde se quer ir. O que faz as cousas acontecerem é o nosso contacto com o astral, muitas vezes a prática faz com que o próprio iniciaco consiga adiantar alguma coisa sozinho, mas isso depois de ele ter seguido as placas e respeitado os sinais.

Um tipo de ritual interessante, é o de passagem. Negligenciado pela sociedade de consumo, que hoje acredita que as galinhas já nascem (acreditem, muita gente jamais viu uma galinha) fatiadas e plastificadas no supermercado, disposta a pagar por uma praticidade a qualquer custo, o rito de passagem não age só no astral, ele prepara o indivíduo para o porvir, evita que o mundo da próxima fase o pegue desprevenido. Ele pode até apanhar, mas terá dado também suas bordoadas e garantido o devido respeito.

Por exemplo: Deixar a menina, que vai comemorar seu debute, uma semana antes da festa, privada de muitos de seus hábitos. Durante esta semana, ela sairia da escola e iria directo para os estudos em casa, sem ligações intermináveis para as amigas, longe inclusive de celular e internet. Não seria impedir o uso, mas atê-los às possibilidades do tempo de que um adulto dispõe, afinal é uma adulta que ela está se preparando para ser. Enquanto os garotos de quinze anos ainda estão fazendo campeonato de cuspe a distância, as meninas já estão aptas a assumir a lida doméstica e arranjar um emprego de verdade, não somente um bico. Como um bom iniciado preza a cobrança segundo a capacidade, as meninas têm sim que ser iniciadas antes nas obrigações de uma mulher. Assim, o debute serviria como despedida, a última noite de criança, no decorrer da qual os adultos deveriam tratá-la gradativamente com mais seriedade, até passar a ter com ela somente conversa de adultos. Mas funciona? Sim, funciona. Antes de as pessoas começarem a pagar para evitar qualquer mínima frustração, era este o papel da festa de quinze anos, avisar que a menina já estava apta a arcar com responsabilidades do mundo duro e implacável lá fora, não para encher o orkut com cenas de bebedeira e transgressões desnecessárias; o que prolonga indefinidamente, em vez de encerrar a infância que já cumpriu com seu papel.

Para o menino valeria a mesmíssima cousa, mas nunca antes dos dezessete anos, pelamor-da-bicicreta--véia-zangada, dificilmente ele não vai te fazer enfiar a cabeça no esfíncer, de tanta vergonha. Ele poderá até estar pronto para receber ordens de um oficial das forças armadas, mas para assumir a responsabilidade de um verdadeiro adulto, demora um pouco mais. O rito da formatura é mais adequado, embora também beneficie a menina.

O ritual do casamento não começa e termina na igreja. Ele começa no noivado e termina na lua de mel. Há cerca de cem anos, e ainda hoje em muitos lugares, casar era só garantir a perpetuação da família e estreitar laços entre comunidades, então os pombinhos se toleravam porque sabiam um que o outro não tinha culpa nenhuma. Só. Hoje, pode-se ver o seguinte: Os dois percebem que se bicam e atam namoro sério, um período no qual (ao menos deveriam) se conhecem em seus defeitos e virtudes, negociam como adultos que já são e aparam as arestas. Feito isso, vem o noivado, quando passam um a mandar mais na vida do outro. É assim mesmo, um passa a mandar no outro, interferir em tudo, mesmo sem querer, dando a ideia exacta do que se terá que agüentar no matrimônio. Paralelamente, os recursos antes destinados à satisfação pessoal, passam a ser empregados na construção da parte material do casamento. No frigir dos ovos, os dois vão se parecendo mais um com o outro, até as auras passam a vibrar de maneira mais próxima. Com a proximidade do enlace, que foi (NÃO FOI???) devidamente planejado e embasado, aquela euforia do "Ah, eu quero dar pra ele até arder!!!" cede paulatinamente lugar à serenidade, à vontade de trabalhar e construir uma vida em conjunto... Cruzes! Que oração mais careta!!! Mas é isso mesmo! Casar dá muita dor de cabeça, quem quer juntar só por juntar, para trocar fluidos e sair dizendo que tem vida sexual, esqueça o casamento.

No dia do casamento, a preparação dos noivos tem uma função clara, com seus devidos significados. Trocar a roupa normal pela da cerimônia, pode ser visto pelos dois e pelas famílias como o abandono da vida antiga, pela entrada na nova. Isto é muito importante pelo seguinte, os dois mostrarão à sociedade (gostem muitos ou não) o tipo de relação que terão. Mais ou menos luxo do que são capazes de sustentar, dá clara ideia de que o descontrole financeiro é um inimigo próximo e poderoso. Evite-se mandar fazer um fraque só para o casamento, bem como um vestido exclusivo e repleto de pérolas bordadas, se não forem muito ricos; e não há miséria que justifique usar mulambos feitos de TNT colado com cola tenaz, isso demonstrará um apego material imenso, que fará o casamento naufragar na primeira crise. Alugar roupas limpinhas e bem feitas é a medida para a maioria, a própria locadora faz os ajustes.

A entrada na igreja é um ritual poderosíssimo, mas nem mesmo um rito assim entra na cabeça dura de quem acha que sabe "Toda a verdade por detrás de tudo". A noiva indo e o noivo vendo-a chegar, é o sinal dos últimos suspiros da vida antiga, se ainda houver vestígios dela. No decorrer da marcha nupcial, as lembranças da juventude irresponsável vão ficando mais antigas, ainda que tenham terminado ontem, na despedida de solteiro. O pai entregando a moça, já foi sinal de troca de propriedade, hoje é "Se vira que a broaca é tua", sinal de que os dois estão por sua conta de então em diante. Ok, as cousas não andam tão bonitinhas e nem seguem todo o roteiro que manda o figurino, os deslizes são muitos. Estamos falando de humanos, lembram-se? Nem no que escrevi eu cheguei perto de descrever uma situação ideal, citei a possível.

Legal, Nanis, mas onde fica a espiritualidade nessa muvuca? Como eu citei um caso em que o casal (e lá em cima a debutante e sua família) age consciente o tempo quase todo, certo do que quer e disposto a pagar o alto preço, está no começo, no meio e no fim. Quando nós temos consciência (ma medida do possível) plena do que queremos e trabalhamos para sua realização, uma verdadeira brigada de espíritos de todos os níveis começa a agir para ajudar na viabilização. Desde os elementais mais primitivos até os mais elevados serafins da Terra, e alguns de fora, todos mexem nas tramas com que já estão trabalhando para que este passo importante na vida de uma pessoa, que é tornar-se ADULTO, se realize. Porque quando alguém decide abrir mão das cousas de menino para tornar-se homem, significa que também está aberto à evolução, para deixar de ser um espírito expiante para subir a regenerante, e logo em evolutivo. É claro que as trevas NÃO QUEREM ISSO NEM A PAU! Difamar esses ritos de passagem e amadurecimento faz parte de suas trapaças, corromper um conjugue que esteja em um momento de fraqueza, também.

Quer dizer que existe essa conversa de casamento para a vida toda? Eu sou testemunha de muitos, que só melhoram com o tempo. São casais que fizeram mais ou menos o que eu escrevi logo acima. Ninguém me contou, eu os conheço, e como pessoas eles são melhores a cada dia que passa. Quem não tem consciência da imoportância de uma relação longeva, não é capaz de conceber o quanto ela pode ser benéfica ao casal, quando as partes são sócias igualitárias na relação. Ninguém pode ser cobrado pela compreensão que não tem, mas os que têm o são, e quando acatam essa cobrança, todo o preço pago pela evolução que tiveram parece, ao fim de uma encarnação, medíocre.

Há muitos outros ritos, tantos que ninguém sabe quantos são. Quem conhecer dez por cento, é um verdadeiro Mestre no assunto. Mas estes dois são os que mais movimentam nossa sociedade e, sinceramente, são os que melhor ilustram o que todos os outros fazem pela pessoa. Entenderam por que não é qualquer música que serve para um casamento?

2 comentários:

Bizet disse...

Eu não tinha essa visão do casamento, muito interessante. Além disso, gostei da sua associação com os diversos ritos pelos quais passamos na vida.
Ótimo post amigo, fique com Deus!

Nanael Soubaim disse...

Soham, aduhirê.