quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Equívocos conceituais sobre ser religioso

Viu? Ele é manso com os de coração manso!

Às vezes me pego pensando (de vez em quando eu consigo) em temas diversos, quase sem querer chegando a questões que contrariam o senso comum. Alguns até contrariam dogmas e hipocrisias muito arraigados no imaginário popular, alimentados pela ganância de sacerdotes despreparados e/ou inescrupulosos.

Por exemplo, quem disse que um religioso tem que ser pobre? Não, não está na bíblia cousíssima nenhuma! Não mesmo! Ou Jesus não teria feito parábolas colocando personagens ricos como exemplos de virtudes, embora a maioria até hoje seja uma lição de vícios.

Quem estuda à sério sabe que a riqueza é mais uma provação do que uma dádiva, uma provação à qual é esperado que o espírito sucumba, porque o poder costuma acompanhá-la. Da mesma forma sabe que pobreza não torna ninguém humilde. Uma pessoa rebelde, que continua alimentando os baixos instintos, se considera vítima de tudo o que acontece e joga nas circunstâncias a culpa por seus erros, pode facilmente vencer um concurso de pedância que inclua os maiores magnatas do mundo entre os concorrentes. E de pobres com essa mentalidade, o mundo está cheio; pobre que compra producto roubado ciente da origem e sem se importar com o custo da pechincha.

O dinheiro não corrompe quem não estiver propenso. Eu conheço exemplos numerosos de pessoas que esnobaram esse diabo e o têm sob rédeas curtas, inclusive por terem recusado ganhar em cima da credulidade alheia. Mesmo assim são pessoas prósperas, com alto padrão de vida. Mas são também pessoas caridosas, que ajudam quem precisa, facilitam que se consiga um emprego, não têm medo de pegar no pesado.

É o infeliz vício (especialmente do cristão) de se colocar nas coisas e nos outros a culpa pelo seu mau comportamento. Culpar a cachaça, culpar a minissaia, culpar a adrenalina, culpar o dinheiro, culpar a tonga da mironga do cabuletê, mas nunca se manter longe do que alega ser sua tentação. O buraco da agulha é maior do que se pensa.

Quem disse que um religioso precisa ser passivo? Sim, porque as pessoas confundem pacifismo com passividade. Confundem não-agressão com ser saco de pancadas.
A defesa se conclui com a dominação do agressor, não precisa ir além disso, mas as pessoas teimam em nutrir a idéia com acento de que a vitória não está completa sem humilhação. Quando isto acontece, então a agressão muda de lado e a reação do outro é legítima. A força que se presta para a defesa, se presta para o trabalho pacífico; a arte marcial que se presta para neutralizar o oponente, se presta para guiar a espiritualidade do praticante. Ninguém se torna à prova de balas declarando-se neutro e se recusando a proteger suas fronteiras.

Quem disse que o religioso precisa ser feio? Deus por acaso fez as flores mais feias que a biologia poderia sustentar? Fez o pavão com penas cor-de-fezes, pesadas, desalinhadas e fétidas? Não, fez tudo exactamente ao contrário. Fez inclusive belezas que só algumas espécies são capazes de enxergar, visíveis em comprimentos de ondas que o olho humano ignora. Existe uma gigantesca distância em ter beleza e ser escravo dela. Eu conheço um sem fim de moças com belezas intensas que não se renderam á sua tentação. Porque beleza também ainda é uma provação, das mais graves, aliás. Ter beleza acima da média e não se sentir tentado a enriquecer ás custas da ruína de uma família não é para qualquer um, mas eu conheço mulheres que saíram vitoriosas desta contenda.

Feiúra não é garantia de ascensão, ou alguém aí pensa que Rasputin tornou-se santo por ter sido monge? O melhor que uma pessoa bela pode fazer, é usar de sua beleza para empatizar e reunir gente para fins dignos. Algumas eu conheço pessoalmente, e fazem esse serviço quase sem querer, simplesmente porque não se imaginam seduzindo alguém por motivos egoístas.

Quem disse que o religioso precisa sofrer? Esta crença é a pior praga do cristianismo deturpado por Roma. Sofrimento é um remédio amargo para o espírito expurgar suas mazelas, mas ele só acontece (salvo pela perversidade humana) na medida do necessário e pelo período que for necessário. Quer dizer que o Criador inventa almas para nascerem em lugares miseráveis e sem a mínima chance, só para pagar por pecados que eles não cometeram? Ah, tem dó! Assim, fosse, os carrascos não usariam capuzes para esconder seus rostos, e teriam lugar cativo na galeria de santos do Vaticano.

Quem disse que o religioso precisa crêr cegamente? Amigo, se a tua fé precisa da tua abstinência da pesquisa científica, me perdoe, mas ela é pífia, e sendo pífia pode tornar-se violenta com muita facilidade.

Quer maior fonte de sabedoria na face na Terra do que Jesus? Sim, ele se uniu a gente simples e ignorante porque aquela gente é que estava disposta a seguir seus preceitos, porque é muito fácil capacitar um homem honrado, dar honra a um orgulhoso de suas capacitações é muito difícil. provavelmente nenhum apóstolo tornou-se um doutor da lei, mas qualquer um deles, no fim da vida, era capaz de constranger os fariseus.

Leitores, Deus não contraria suas leis, não há motivos para ter feito a matéria se atraindo só para forçar sua separação. Isto é infantilidade. Quem tem conhecimento, tem tranqüilidade com trema daquilo que fala, não precisa atacar os outros e não se importa com opiniões alheias,

Aliás, quem disse que o teu jeito de orar é melhor que o do outro? Cuidado ao apontar o cisco no olho do outro, porque a trave no teu olho já está infeccionando. Nada nem ninguém é bom ou mau só porque lhe parece, deixe de preguiça e investigue. Aprenda ou consulte quem conhece línguas mortas para arejar tua cabecinha embolorada.

2 comentários:

Anônimo disse...

Aprecio muito as suas postagens. Continue com o bom trabalho!

Nanael Soubaim disse...

Agradecido.