sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sou a favor do latim

Sou a favor de que voltem a ensinar latim nas escolas, principalmente nas escolas públicas. O latim está longe de ser uma língua morta, tanto a ciência formal quanto a esotérica jamais deixou de utilizá-lo. É em latim uma das orações de banimento mais fortes e fáceis de declamar, a Oração do Pai Bento:

(Sinal da cruz) Crux Sancti Patis Benedict.
Crux Sancta Sith Mihi Lux.
Non Draco Sith Mihi Dux.
Vade Retro Satana!
Nunquam Suade Mihi Vana;
Sunt Mala Quae Libas;
Ipse venena Bibas! (sinal da cruz e gratidão)

Assim como feitiços herméticos altamente complexos também costumam usar o latim. É uma língua cheia de regras e nuances, que registra com precisão o que se pretende comunicar, mas justo pela complexidade acabou caindo em desuso. Se nem o português as pessoas querem aprender direito, imaginem latim!

Enya tem músicas em latim, também em gaélico, japonês, et cétera. Ela tem uma missão na terra e sabe como conduzí-la com maestria.

No caso de pessoas comuns, como nós, sou a favor do ensino de latim porque é uma língua-raiz. A partir dela se torna mais fácil compreender os idiomas derivados; francês, italiano, romeno, espanhol, o próprio português. E aprendeu bem um idioma, fica mais fácil aprender outros de outras raízes. Com isso a mente de abre, não consegue mais caber na caixinha de phosphoro que a continha, já é necessário uma caixa de sapatos, que logo também ficará pequena.

Para fins religiosos, em específico, o latim facilita a concentração e a expressão, aumentando com isto o contacto com a espiritualidade superior. Vejam bem, não é para facilitar a aproximação deles, é para facilitar a nossa receptividade. É como telephone, são necessários dois aparelhos, de pouco adianta eles fazerem a ligação se nós, cá em baixo, não tiramos o phone do gancho. O aparelhos deles é perfeito, o nosso não é lá essas cousas, mas discando o código certo e fazendo a devida manutenção no aparelho e na linha, a conversa flui que é uma maravilha. O latim tem essa característica de aperfeiçoamento para o nosso lado da linha.

De língua morta, ele não tem nada, pelo contrário, é mais vivo do que todas as línguas oficiais vigentes, pois é aceito como idioma científico no mundo inteiro, nem mesmo o inglês tem esse alcance, pois há lugares em que dizer "Somebody call-me?" pode atrair a atenção de atiradores. A tabela periódica tem seus elementos com as abreviaturas dos nomes em latim, ou seria quase impossível alguém estudar em um bom livro de outro país. A uniformidade dos cálculos, fórmulas e nomes em latim o permitem, mesmo que não se domine aquele idioma; "Sódio" será "Natrium" aqui, no Japão e até na Lua. Na magia é assim também, nomes e procedimentos em línguas desmaiadas facilitam a vida do mago esforçado.

Quando as missas eram em latim, e a bíblia em latim era fácil de encontrar, era bem mais difícil fazer picaretagens em igrejas-caça-níqueis, porque a tradução era mais directa, o que inibia interpretações espúrias, desonestas e de má fé. Imaginem hoje, com a internet e seus tradutores instantâneos, como seria mais difícil a vida dos falsos profetas! Não se cairia com tamanha facilidade na lábia dos mercadores de fé. Aliás, é também por isto que sou tão a favor de se voltar a ensinar latim nas escolas. Tem gente sendo intitulada "Bispo" sem nem uma ruga na testa. Não que idade signifique ignorância ou despreparo, mas vocês imaginam o que se exige do sujeito que quer ser bispo? Têm idéia do quanto o coitado tem que trabalhar e estudar (não um ou outro, ambos) para ser bispo? São décadas vendo os fundamentos nos idiomas originais, sem traduções. Lhe é ensinado hebraico, aramaico, sânscrito, grego e o que for necessário, então ele vai ler e constactar por si mesmo, porque latim o padre já sabe. Isto é uma das pendengas com a Igreja, mas o padre é um soldado do papa e não pode contrariá-lo, além do quê tem muita gente lá dentro querendo protelar o fim da era de Peixes, mas não adianta porque no próximo século (Não neste, lamento) chega a maluquete era de Aquário. mas é outro assunto para outra conversa.

Por essas e outras eu também sou a favor de que se ensine tudo o que o aluno quiser aprender, desde que esteja preparado para tanto. Hebraico, aramaico, sânscrito, cirílico, grego, Língua-do-pê, atlante, o que for.

Com o pretexto de facilitar e evitar traumas, estão emburrecendo as crianças. À margem dos discursos psicopedabobológicos dos pedabobos retóricos, na prática eu vejo as crianças perdendo todo o interesse em aprender seu próprio idioma, sem conhecer paravras básicas. O mundo não é a rede social de internet, não se pode ficar preso ao que ela ensina, ou até desconstrói. Crianças precisam de dificuldades, de acordo com o seu nível, claro, mas precisam. Dificuldades por si mesmas ensinam limites e disciplina, forjam uma adversidade moderada e acimentam o caráter. Imaginem um bruxo fazer um ritual do fogo e pedir para falar em miguxês! Tiamat o faz entrar em combustão espontânea na hora, sem choro nem vela... Se tiver vela é até pior, porque além de queimar, gruda.

Chegará o momento em que teremos bruxos com títulos de doutor em ciências formais, eu conheço uma bruxa bióloga de grande talento. Para tanto, é preciso que a mente esteja aberta, o que facilitar os estudos formais também facilitará os esotéricos. Não tem erro. Minha experiência na escola pública me provou que a criança devidamente estimulada não teme o conteúdo, ela tem fome de conteúdo. E conteúdo, o estudo do latim oferece aos borbotões... também o grego, o hebraico, o aramaico, o cirílico, o sânscrito, o gaélico, o egípcio...

2 comentários:

Bráulio disse...

Concordo plenamente com você, amigo Nanael. Tenho 16 anos, curso a 2ª série do ensino médio e sempre me perguntei por que deixaram de ensinar o latim nas escolas. É uma língua tão essencial, tão rica e usada em tantos âmbitos do conhecimento humano, que chega a ser ilógico não aprendê-la. É limitar demais a mente da pessoa...
Deseje-me sorte em minha busca por aprender esse idioma-raiz tão lindo!

Abraço!

Nanael Soubaim disse...

Ok, vou te desejar mais do mesmo que te espera para breve; Sucesso, menino!